sexta-feira, 3 de abril de 2020

QUANTA HIPOCRISIA ...


QUANTA HIPOCRISIA ... 


“Decretem um dia de jejum...” (1 Reis 21:9 NVI)
 “Mandem avisar que vai haver um dia de jejum, reúnam todo o povo...”  (1 Reis 21:9 NTLH)

Antes que você tire qualquer conclusão antecipada do texto que virá a seguir, ou considere ser uma atitude oportunista da minha parte, preciso deixar claro que o versículo acima citado faz parte de um programa de leitura bíblica feito por mim e que foi divulgado no final de 2019 a um grupo de pessoas de todas as partes do Brasil e na Europa, e que mantemos contatos diários através de uma lista de transmissão de um aplicativo de mensagens. Hoje a nossa leitura é o capítulo 21 do livro de 1 Reis.

Dito isso, estamos vivendo um período de crise mundial, e ninguém pode dizer o contrário. A crise está nos mostrando que apesar das distâncias geográficas, culturais e até mesmo religiosas, dependemos uns dos outros. Nenhum ser humano desse tempo está completamente isolado ou possui privacidade plena. Um vírus invisível veio nos mostrar o quanto desumano vem se tornando o ser humano.

Preços abusivos de insumos necessários a prevenção de doenças, falsificação de produtos, apresentação de remédios e programas de prevenção que não passam de charlatanismo, líderes religiosos se apresentando como portadores de uma esperança sem qualquer fundamentação bíblica e se intrometendo nas pendengas político partidárias, igrejas querendo retornar suas atividades porque precisam manter a arrecadação.

Outro fato que me chama a atenção nesse momento de crise mundial é o discurso de vulnerabilidade dos idosos. Falo pelo que tenho visto em terras brasileiras, onde os idosos são desrespeitados e colocados a margem todo tempo, sem um programa sério de proteção de seus direitos, sem espaço e respeito nas comunidades religiosas que fazem parte, sendo vistos pelos governantes como gastos e a longevidade como um grande problema. Os Idosos são vulnerais sim, são vulneráveis as doenças e aos desmandos de governantes insensíveis. Muitas coisas melhoraram nos últimos anos, mas numa sociedade onde o idoso precisa de leis para terem prioridades e que precisam continuar lutando para que seus direitos sejam respeitados, a coisa está feia.

Fora tudo isso, ainda tenho visto pessoas tomando o nome de Deus em vão, outros usando ou até mesmo profanando procedimentos tão caros ao relacionamento com Deus e a fé cristã. Líderes religiosos proclamando jejum de refrigerante, de salgadinho, de televisão, de redes sociais, estão de brincadeira.

No Antigo Testamento o “jejum” era uma convocação do governante em tempos de calamidades, onde se reconhecia o pecado da nação e se assumia um novo compromisso de submissão e obediência ao Senhor. Os reis usurpavam para si uma posição de intermediários entre o povo e Deus, os sacerdotes e profetas estavam subordinados a sua autoridade e se alguém pensasse o contrário eram mortos sumariamente.

No versículo citado, quem está convocando um jejum era Jezabel, mulher de Acabe, com interesses maldosos e sanguinários, com apoio de pessoas corruptas que utilizaram de mentiras e falso testemunho para incriminar e assassinar a Nabote. Seria muito interessante você ler todo o capítulo 21 do livro de 1 Reis.

Jezabel marcou negativamente tanto a história de Israel, que passou ser usada de maneira alegórica como o que sem de pior no ser humano: “No entanto, contra você tenho isto: você tolera Jezabel, aquela mulher que se diz profetisa. Com os seus ensinos, ela induz os meus servos à imoralidade sexual e a comerem alimentos sacrificados aos ídolos. (Apocalipse 2:20 NVI)

Aprendi como Jesus, a revelação maior de Deus, como o cristão deve fazer JEJUM, defendo essa posição, e creio no Jejum.

Antes de iniciar o seu ministério terreno, a Bíblia nos conta que Jesus jejuou durante quarenta dias e quarenta noite, não temos detalhes de como foram esses dias, mas uma coisa é certa após ter fome o Diabo começou a tenta-lo.

Com Jesus aprendi que Jejum é pessoal e individual, que não precisa de proclamação para que todos vejam, é um momento de intimidade com Deus. Também aprendi que jejum não é passar fome, ou se abster de alimentos trazendo sofrimento ao corpo para aplacar a fúria ou obter uma dadiva especial de um deus perverso e cruel.

Creio no jejum, mas não no jejum que precisa de uma proclamação coletiva de um líder religioso ou político,  

“— Quando vocês jejuarem, não façam uma cara triste como fazem os hipócritas, pois eles fazem isso para todos saberem que eles estão jejuando. Eu afirmo a vocês que isto é verdade: eles já receberam a sua recompensa. Mas você, quando jejuar, lave o rosto e penteie o cabelo para os outros não saberem que você está jejuando. E somente o seu Pai, que não pode ser visto, saberá que você está jejuando. E o seu Pai, que vê o que você faz em segredo, lhe dará a recompensa. (Mateus 6:16-18 NTLH)

O profeta Isaias, no capítulo 58, chama a atenção do povo quanto a pratica de uma religiosidade vazia e mecânica, onde os ritos eram feitos, mas sem qualquer comprometimento com o Senhor e a sua visão da justiça social. Eram extremamente religiosos, e continuavam desagradando a Deus.
O povo pergunta a Deus: “Que adianta jejuar, se tu nem notas?
Por que passar fome, se não te importas com isso?”
Senhor responde: “A verdade é que nos dias de jejum vocês cuidam dos seus negócios e exploram os seus empregados.
Vocês passam os dias de jejum discutindo e brigando e chegam até a bater uns nos outros. Será que vocês pensam que, quando jejuam assim, eu vou ouvir as suas orações?
O que é que eu quero que vocês façam nos dias de jejum?
Será que desejo que passem fome, que se curvem como um bambu, que vistam roupa feita de pano grosseiro e se deitem em cima de cinzas?
É isso o que vocês chamam de jejum?
Acham que um dia de jejum assim me agrada?
(Isaías 58:3-5 NTLH)

Quando olho para o momento religioso que temos vivido, lembro de um quadro que vi há muitos anos atrás, onde figurava a imagem de uma igreja, suntuosa, rica, com objetos de prata e ouro, e uma mesa com um farto banquete, ao mesmo tempo no quadro estava a escadaria da igreja com miseráveis numa atitude de miserabilidade e sofrimento.

Alguns líderes religiosos querem reabrir seus “templos”, estão ansiosos para voltarem as celebrações, mas não abrem seus “templos” para acolher os inúmeros invisíveis de uma sociedade desigual, inclusive dentro das igrejas.

Aprendi com Jesus e o profeta Isaías como fazer Jejum, é preciso um retorno do povo de Deus aos seus princípios e valores, é hora de mais e muito mais intimidade com o Senhor.
“Não! Não é esse o jejum que eu quero. Eu quero que soltem aqueles que foram presos injustamente, que tirem de cima deles o peso que os faz sofrer, que ponham em liberdade os que estão sendo oprimidos, que acabem com todo tipo de escravidão.
O jejum que me agrada é que vocês repartam a sua comida com os famintos, que recebam em casa os pobres que estão desabrigados, que deem roupas aos que não têm e que nunca deixem de socorrer os seus parentes.” (Isaías 58:6,7 NTLH)

Jezabel proclamou um jejum, pois queria usurpar a vinha de Nabote. Fujamos de tudo aquilo que é vazio e sem propósito diante do Senhor.

Que não somente o Coronavirus; mas a indiferença quanto as populações em situação de rua; a falta de recurso para com os asilos e abrigos de idosos; a invisibilidade daqueles que estão mergulhados nas drogas nas cracolândias; as comunidades e favelas sem saneamento e mínimo necessário para uma sobrevivência digna, os desempregados, os que sofrem há muitos anos com doenças crônicas e dependem de um sistema público de saúde desmantelado e ineficiente. Que tudo isso seja o motivo do jejum que agrade a Deus.

E finalizando, reafirmo minha posição entre igreja e Estado:
Jesus disse: "Então, deem a César o que é de César e a Deus o que é de Deus". (Mateus 22:21 NVI)
Que vivamos a democracia onde “César” cuide das coisas de governo, que cumpra o seu papel para o qual foi eleito. E que a igreja cumpra o seu papel nesse mundo, sem qualquer tipo de interferência do Estado ou de ações político-partidárias.

Eu não preciso que ninguém me diga que vai reservar um dia especial para a minha intimidade com o meu Deus!

Que Deus nos abençoe nesses dias!

Pr Cláudio Eduardo

Observação:
Nas últimas eleições exerci o direito do voto, votando nos mandatários do governo federal e estadual, e se os candidatos fossem os mesmos, votaria novamente. No entanto, isso não me obriga a concordar com todas as atitudes dos mandatários da esfera federal ou estadual. Como você também não precisa concordar comigo, espero somente o respeito ao direito da liberdade de expressão.



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