QUANTA
HIPOCRISIA ...
“Decretem
um dia de jejum...” (1 Reis 21:9 NVI)
“Mandem avisar que vai haver
um dia de jejum, reúnam todo o povo...” (1 Reis 21:9 NTLH)
Antes que
você tire qualquer conclusão antecipada do texto que virá a seguir, ou
considere ser uma atitude oportunista da minha parte, preciso deixar claro que
o versículo acima citado faz parte de um programa de leitura bíblica feito por
mim e que foi divulgado no final de 2019 a um grupo de pessoas de todas as
partes do Brasil e na Europa, e que mantemos contatos diários através de uma
lista de transmissão de um aplicativo de mensagens. Hoje a nossa leitura é o capítulo
21 do livro de 1 Reis.
Dito isso,
estamos vivendo um período de crise mundial, e ninguém pode dizer o contrário.
A crise está nos mostrando que apesar das distâncias geográficas, culturais e
até mesmo religiosas, dependemos uns dos outros. Nenhum ser humano desse tempo
está completamente isolado ou possui privacidade plena. Um vírus invisível veio
nos mostrar o quanto desumano vem se tornando o ser humano.
Preços
abusivos de insumos necessários a prevenção de doenças, falsificação de
produtos, apresentação de remédios e programas de prevenção que não passam de charlatanismo,
líderes religiosos se apresentando como portadores de uma esperança sem
qualquer fundamentação bíblica e se intrometendo nas pendengas político
partidárias, igrejas querendo retornar suas atividades porque precisam manter a
arrecadação.
Outro fato
que me chama a atenção nesse momento de crise mundial é o discurso de
vulnerabilidade dos idosos. Falo pelo que tenho visto em terras brasileiras,
onde os idosos são desrespeitados e colocados a margem todo tempo, sem um
programa sério de proteção de seus direitos, sem espaço e respeito nas
comunidades religiosas que fazem parte, sendo vistos pelos governantes como
gastos e a longevidade como um grande problema. Os Idosos são vulnerais sim,
são vulneráveis as doenças e aos desmandos de governantes insensíveis. Muitas
coisas melhoraram nos últimos anos, mas numa sociedade onde o idoso precisa de
leis para terem prioridades e que precisam continuar lutando para que seus
direitos sejam respeitados, a coisa está feia.
Fora tudo
isso, ainda tenho visto pessoas tomando o nome de Deus em vão, outros usando ou
até mesmo profanando procedimentos tão caros ao relacionamento com Deus e a fé
cristã. Líderes religiosos proclamando jejum de refrigerante, de salgadinho, de
televisão, de redes sociais, estão de brincadeira.
No Antigo
Testamento o “jejum” era uma convocação do governante em tempos de calamidades,
onde se reconhecia o pecado da nação e se assumia um novo compromisso de
submissão e obediência ao Senhor. Os reis usurpavam para si uma posição de
intermediários entre o povo e Deus, os sacerdotes e profetas estavam
subordinados a sua autoridade e se alguém pensasse o contrário eram mortos
sumariamente.
No versículo
citado, quem está convocando um jejum era Jezabel, mulher de Acabe, com
interesses maldosos e sanguinários, com apoio de pessoas corruptas que
utilizaram de mentiras e falso testemunho para incriminar e assassinar a
Nabote. Seria muito interessante você ler todo o capítulo 21 do livro de 1
Reis.
Jezabel
marcou negativamente tanto a história de Israel, que passou ser usada de
maneira alegórica como o que sem de pior no ser humano: “No entanto, contra você tenho
isto: você tolera Jezabel, aquela mulher que se diz profetisa. Com os seus
ensinos, ela induz os meus servos à imoralidade sexual e a comerem alimentos
sacrificados aos ídolos.” (Apocalipse 2:20 NVI)
Aprendi
como Jesus, a revelação maior de Deus, como o cristão deve fazer JEJUM, defendo
essa posição, e creio no Jejum.
Antes de
iniciar o seu ministério terreno, a Bíblia nos conta que Jesus jejuou durante
quarenta dias e quarenta noite, não temos detalhes de como foram esses dias,
mas uma coisa é certa após ter fome o Diabo começou a tenta-lo.
Com Jesus
aprendi que Jejum é pessoal e individual, que não precisa de proclamação para
que todos vejam, é um momento de intimidade com Deus. Também aprendi que jejum
não é passar fome, ou se abster de alimentos trazendo sofrimento ao corpo para
aplacar a fúria ou obter uma dadiva especial de um deus perverso e cruel.
Creio no
jejum, mas não no jejum que precisa de uma proclamação coletiva de um líder
religioso ou político,
“— Quando vocês jejuarem, não
façam uma cara triste como fazem os hipócritas, pois eles fazem isso para todos
saberem que eles estão jejuando. Eu afirmo a vocês que isto é verdade: eles já
receberam a sua recompensa. Mas
você, quando jejuar, lave o rosto e penteie o cabelo para os outros não saberem que você está
jejuando. E somente o seu Pai, que não pode ser visto, saberá que você está jejuando.
E o seu Pai, que vê o que você faz em segredo, lhe dará a recompensa.
(Mateus 6:16-18 NTLH)
O profeta Isaias,
no capítulo 58, chama a atenção do povo quanto a pratica de uma religiosidade
vazia e mecânica, onde os ritos eram feitos, mas sem qualquer comprometimento
com o Senhor e a sua visão da justiça social. Eram extremamente religiosos, e
continuavam desagradando a Deus.
O povo pergunta a Deus: “Que adianta jejuar, se tu
nem notas?
Por que passar fome, se não te importas com isso?”
O Senhor responde:
“A verdade é que nos dias de jejum vocês cuidam dos seus negócios e exploram os
seus empregados.
Vocês passam os dias de jejum discutindo e brigando
e chegam até a bater uns nos outros. Será que vocês pensam que, quando jejuam
assim, eu vou ouvir as suas orações?
O que é que eu quero que vocês façam nos dias de
jejum?
Será que desejo que passem fome, que se curvem como
um bambu, que vistam roupa feita de pano grosseiro e se deitem em cima de
cinzas?
É isso o que vocês chamam de jejum?
Acham que um dia de jejum assim me
agrada?
(Isaías
58:3-5 NTLH)
Quando olho
para o momento religioso que temos vivido, lembro de um quadro que vi há muitos
anos atrás, onde figurava a imagem de uma igreja, suntuosa, rica, com objetos
de prata e ouro, e uma mesa com um farto banquete, ao mesmo tempo no quadro
estava a escadaria da igreja com miseráveis numa atitude de miserabilidade e
sofrimento.
Alguns líderes
religiosos querem reabrir seus “templos”, estão ansiosos para voltarem as
celebrações, mas não abrem seus “templos” para acolher os inúmeros invisíveis de
uma sociedade desigual, inclusive dentro das igrejas.
Aprendi
com Jesus e o profeta Isaías como fazer Jejum, é preciso um retorno do povo de
Deus aos seus princípios e valores, é hora de mais e muito mais intimidade com
o Senhor.
“Não! Não é esse o jejum que eu quero. Eu quero que
soltem aqueles que foram presos injustamente, que tirem de cima deles o peso
que os faz sofrer, que ponham em liberdade os que estão sendo oprimidos, que
acabem com todo tipo de escravidão.
O jejum que me agrada é que vocês repartam a sua
comida com os famintos, que recebam em casa os pobres que estão desabrigados, que
deem roupas aos que não têm e que nunca deixem de socorrer os seus parentes.” (Isaías 58:6,7 NTLH)
Jezabel
proclamou um jejum, pois queria usurpar a vinha de Nabote. Fujamos de tudo
aquilo que é vazio e sem propósito diante do Senhor.
Que não somente
o Coronavirus; mas a indiferença quanto as populações em situação de rua; a
falta de recurso para com os asilos e abrigos de idosos; a invisibilidade
daqueles que estão mergulhados nas drogas nas cracolândias; as comunidades e
favelas sem saneamento e mínimo necessário para uma sobrevivência digna, os
desempregados, os que sofrem há muitos anos com doenças crônicas e dependem de
um sistema público de saúde desmantelado e ineficiente. Que tudo isso seja o
motivo do jejum que agrade a Deus.
E
finalizando, reafirmo minha posição entre igreja e Estado:
Jesus
disse: "Então, deem a César o que é de César e a Deus o que é de
Deus".
(Mateus 22:21 NVI)
Que vivamos
a democracia onde “César” cuide das coisas de governo, que cumpra o seu papel
para o qual foi eleito. E que a igreja cumpra o seu papel nesse mundo, sem qualquer
tipo de interferência do Estado ou de ações político-partidárias.
Eu não
preciso que ninguém me diga que vai reservar um dia especial para a minha
intimidade com o meu Deus!
Que Deus
nos abençoe nesses dias!
Pr Cláudio
Eduardo
Observação:
Nas últimas
eleições exerci o direito do voto, votando nos mandatários do governo federal e
estadual, e se os candidatos fossem os mesmos, votaria novamente. No entanto,
isso não me obriga a concordar com todas as atitudes dos mandatários da esfera
federal ou estadual. Como você também não precisa concordar comigo, espero
somente o respeito ao direito da liberdade de expressão.
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