NÃO VIVO DO PASSADO!
tenho respeito pela história!
31 de outubro de 2021
504 anos da Reforma Protestante
Quando o centurião que estava em frente de Jesus
ouviu o seu brado e viu como ele morreu, disse: "Realmente este homem era
o Filho de Deus! " (Marcos 15:39 NVI)
Há 504 anos, na cidade de Wittemberg, na Alemanha, um homem
incomodado com os desmandos da igreja como instituição, seguindo a tradição da
época, afixou 95 teses na porta da
Igreja daquela cidade. Martinho Lutero, foi o porta voz de todos
aqueles que buscavam na Palavra de Deus o caminho que a Igreja havia se
desviado.
Não podemos nos esquecer de milhares de pessoas anônimas que lutaram
pela preservação e fidelidade da Palavra de Deus. Como é triste olharmos
nos nossos dias pessoas que não valorizam os que o antecederam. João Calvino (1509 – 1564), Philipp Melanchthon (1497 – 1560), Ulrico
Zuínglio (1484 – 1531), Thomas Müntzer (1489 – 1525), Martin Bucer (1491 –
1551), Johannes Brenz (1499 – 1570), Jan Hus (1369 – 1415) e Johannes
Bugenhagen (1485 – 1558); são
alguns dos nomes de homens que se juntaram para fazer com que a igreja voltasse
para os princípios do Evangelho.
Haviam
pontos de discordância doutrinária, mas eram unanimes em que somente Cristo é a
porta de nosso acesso ao Pai, Ele é o único mediador entre Deus e os homens. “Pois há um só Deus e um só
mediador entre Deus e os homens: o homem Cristo Jesus,...”
(1 Timóteo 2:5 NVI)
O movimento histórico que teve como marco 31 de outubro de 1517, não foi
apenas um movimento religioso ou cristão, na realidade a Europa foi sacudida por mudanças nas relações comerciais, na
valorização da pessoa humana, com o fim do absolutismo e no advento da
democracia, as lutas de classes, a migração de uma sociedade feudal para uma
sociedade urbana.
Erros houveram, e não foram poucos; errar é
demonstração clara que somos humanos e falíveis; mas não podemos deixar de
lembrar de homens e mulheres que mesmo com a expectativa de perseguição e até
do martírio, permaneceram firmes na convicção de que serviam ao Deus imutável,
e que a sua Palavra é viva e eficaz independentemente de qualquer
circunstância. É a Palavra que transforma homens e mulheres, mas como é triste
olharmos para traz e vermos que desde o tempo de Jesus, dos patriarcas e dos profetas
homens se levantando para desvirtuar a Palavra do Deus eterno.
Somente a
Escritura, Somente Cristo, Só a Graça, Só a Fé e Somente a Deus a Glória são os pilares do movimento reformador, muitas vezes estamos tão
distantes dessas verdades.
No Evangelho de Marcos capítulo 15, observamos o
julgamento, humilhação, crucificação e morte de Jesus, o Cristo. Quando leio
essa passagem nos evangelhos, me pergunto:
- Me comportaria como os líderes religiosos daquela
época?
- Meu comportamento seria como o povo que gritou
Barrabás?
- Estaria disponível como Simão para carregar uma
cruz que não era minha?
- Seria eu como o centurião que diante daquela macabra
cena reconhece que Jesus é o filho de Deus?
Ainda vem a minha mente, como se audivelmente, a
multidão gritando:
- "Crucifica-o" (Marcos
15:13 NVI)
No mesmo instante me sobressai várias perguntas:
- Cadê os discípulos de Jesus? Onde
estão eles?
- Cadê a multidão que depois de uma excelente aula
foi alimentada?
- Bartimeu, que gritava filho de Davi tenha
misericórdia de mim, não ouço a sua voz?
- E os leprosos que foram limpos? A pessoas que
foram libertas e curadas?
- Cadê a multidão que alguns dias antes proclamavam
Hosanas ao que vem em nome do Senhor?
Diante de tudo isso, usando uma frase atribuída
a Marthin Luther King, chamo a
atenção ao nosso posicionamento diante das heresias e injustiças que nos
cercam:
“O que me
preocupa não é nem o grito dos corruptos, dos violentos, dos desonestos, dos
sem caráter, dos sem ética... O que me preocupa é o silêncio dos bons.”
Julgar os personagens históricos é fácil, mas
olhemos para as dificuldades que enfrentamos como povo de Deus, igreja de
Cristo, em pleno século XXI:
Olhando para o Cristo na cruz observo uma multidão
sem compromisso, massa de manobra de líderes inescrupulosos, que não sejamos
massa de manobra, pelo contrário, sejamos estimulados a pensar, estudar e viver
os princípios dos evangelhos.
Observo, ainda, um líder político sem compromisso
com a justiça e a verdade, como o povo tem sofrido com pessoas dessa estirpe da
condução do destino das nações. Pilatos é a personificação da liderança
corrupta que pensa somente em si, sem comprometimento com a verdade, o importante
é estar com boa imagem diante de Roma.
Alguns consideram que precisamos de uma nova
reforma, e quando penso em reforma vem a mente consertar o que está quebrado,
deteriorado, desatualizado ou feio.
Na realidade o que precisamos é de um retorno a Palavra
de Deus sem firulas ou relativismo. Precisamos enfatizar a chamada de todos os
cristãos à sermos discípulos do Cristo ressurreto. Olharmos para cruz, devemos
ser comprometidos como as mulheres que acompanharam Jesus em todas as
circunstancias até o final.
- O que fala do corajoso José de Arimatéia?
Jesus em sua morte é tratado por ele com
dignidade. José de Arimatéia, membro de destaque do Sinédrio, que
também esperava o Reino de Deus, dirigiu-se corajosamente a Pilatos e pediu o
corpo de Jesus. (Marcos 15:43 NVI)
José de Arimatéia com coragem assume publicamente a
sua simpatia por Jesus, o Evangelho de Mateus o trata como discípulo de Jesus
(Mateus 27:57). Chegou a hora da verdade, não dá para ser somente simpatizante,
é preciso mostrar comprometimento, foi isso que José de Arimatéia fez.
No dia de comemoração da Reforma, concluo
com uma pergunta para nossa reflexão:
- Que tipo de Igreja estamos sendo?
Lembrando que igreja não é instituição, mas sim o
corpo de Cristo aqui na terra, constituído por pessoas como eu e você.
Abraço,
Conto com suas orações,
Cláudio Eduardo – Pastor
Observação:
Não tive preocupação em discorrer sobre o fato
histórico em si, mas escrever sobre minhas percepções pessoais a respeito do
questionamento feito por Pilatos à multidão e que tipo de resposta estamos
dando:
- "Que farei então com Jesus, chamado Cristo? ” (Mateus 27:22 NVI)