PROCURANDO UMA IGREJA...
"...sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do
inferno não prevalecerão contra ela”.
(Mateus 16:18 NAA)
O primeiro livro que
ganhei de presente foi uma Bíblia, e lá se vão cinquenta e seis anos, isso
mesmo, eu tinha um pouco mais de quatro anos, aprendi a ler com a Palavra de Deus,
e não me separei dela.
Saber todos os sessenta
e seis livros da Bíblia, sua ordem, a diferença entre o Antigo e o Novo Testamento,
memorizar versículos, ter lido toda ela antes da adolescência. Todo
conhecimento não me fazia um cristão, pelo contrário, passei a ter aversão aos
modelos de cristãos que estavam a minha volta.
Continuei lendo a Bíblia,
buscava explicações para fé e a religiosidade, eu via um grande abismo entre a Bíblia
e as igrejas que conhecia. As igrejas evangélicas eram rigorosas nos costumes,
brigavam entre si, era crente falando mal de outro crente, falavam de amor e
cultivavam o ódio; enquanto isso, as seitas e heresias cresciam.
Eu não era cristão e não
frequentava nenhuma igreja, afinal de contas, na minha visão, estava tudo
errado. Continuava lendo a Bíblia, gostava de ouvir hinos de louvor a Deus, era
uma pessoa boa segundo os padrões da sociedade e das igrejas da época. Era um
homem de família, não bebia e nem fumava, não tinha vícios, tinha um bom
emprego e gostava de fazer o bem. No
entanto, faltava algo, me sentia incompleto. Quanto mais lia a Bíblia, mais
procurava fugir de Deus e de um compromisso com uma igreja.
Estava casado, nossa
primeira filha já havia nascido, éramos uma família feliz. Tínhamos sonhos,
projetos, planos, desafios, e caminhávamos em conquista-los.
Em 1985 prestei
vestibular para a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), a
frustração foi tremenda, não alcancei o ponto de corte nas disciplinas que eu
dominava. Até hoje não sei dizer o que aconteceu, havia estudado, e não fui nem
para a segunda fase. Na época imaginei inúmeras coisas, no entanto, posso
afirmar que Deus estava me cercando com o objetivo de fazer na minha vida algo
especial para Ele. Em 1987 fui aprovado no vestibular do Seminário Teológico do
Sul do Brasil (STBSB), 1993 passei num dos vestibulares mais concorrido da Universidade
do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), em 1995 passei no processo seletivo da Universidade
Federal de Pernambuco (UFPE), e 2014 fui aprovado para complementação de
estudos em teologia na Pontifica Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC
RJ), tenho pós-graduação e atualmente estou fazendo uma nova graduação.
Voltando a 1986, Deus
usa os batistas brasileiros, através da Junta de Missões Nacionais, para me
incomodar. Me deixa explicar melhor; estávamos vivendo um tempo de ardor missionário,
um desejo de levar homens e mulheres da nossa nação a conhecerem a Jesus Cristo.
Conhecer o Jesus que viveu entre nós, o Cristo apresentado na Bíblia e reforçado
nas palavras dos evangelhos.
Morava na cidade de Natal,
no Rio Grande do Norte, era o ano de 1986, uma Igreja está sendo plantada na
rua da minha casa[1],
eles incomodavam, era entrega de folhetos, era seus membros convidando para o
culto dominical, era o pastor oferecendo estudo bíblico e não desistiam e nem
se cansavam. Quando volto no tempo vejo a dedicação daqueles irmãos e irmãs, incansáveis,
com uma vida de testemunho e oração.
Eu e minha família tínhamos
um pastor[2]
que nos ensinava e explicava a Bíblia, que mostrava o caminho que tínhamos a
seguir e que fazíamos parte de uma comunidade que chamávamos de igreja. No dia
19 de julho de 1986 fui batizado numa igreja batista, e me sinto imensamente
grato pelo privilégio de ter sido pastoreado, ensinado e cuidado por homens de Deus
que sabiam qual a sua missão e o valor do seu ministério.
Em 1986 eu parei de
procurar uma Igreja[3][4]
que se encaixasse na minha visão, no que eu pensava ou achava. Aprendi que
igreja é comunhão de pessoas que professam sua fé em Jesus Cristo.
Agora, 37 anos depois,
mantenho vivo a visão da igreja que devemos ser, muitas coisas mudaram nesse período,
mas não podemos perder a visão daquele que sonhou e fundou a Igreja, Jesus Cristo.
A Igreja é composta de discípulos,
o Mestre é o Senhor Jesus Cristo. Não devemos nos preocupar com identidade
visual, marketing ou qualquer coisa do gênero, se não estivermos alcançando e
amando pessoas; a Igreja deve continuar sendo o corpo de Cristo. “Assim as igrejas eram fortalecidas na fé e cresciam em número cada dia”. (Atos 16:5 NVI)
O Senhor da Igreja
apresenta a maneira que devemos ser reconhecidos, o testemunho da igreja é uma
vida de amor, amar servindo uns aos outros. “Eu
lhes dou um novo mandamento: que vocês amem uns aos outros. Assim como eu os
amei, que também vocês amem uns aos outros. Nisto todos conhecerão que
vocês são meus discípulos: se tiverem amor uns aos outros”. (João 13:34,35 NAA)
A Igreja
é um organismo vivo e seu crescimento deve ser natural. Se não for Jesus Cristo
atraindo crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos, nada mais tem razão
de ser ou se manter. A Igreja não é lugar para palestras de autoajuda, o
pregador não precisa de técnicas motivacionais, a mensagem do evangelho deve
ser a ênfase.
As
organizações têm começo e fim, a Igreja não. O Senhor da Igreja no final de
todas as coisas virá buscar de maneira gloriosa sua Igreja, que carinhosamente é
chamada de sua noiva.
Agradeço
a Deus pelos homens e mulheres que participaram da minha formação espiritual e acadêmica,
e não citarei nomes pois foram e continuam sendo muitos;
Sou
imensamente grato por Luci Meire que nesses 40 anos de casamento tem sido uma
mulher sábia e virtuosa que muito tem abençoado minha vida.
Minhas
filhas, que foram criadas conhecendo a Igreja, obrigado por estarem criando
meus netos no caminho do Senhor.
Cada
pessoa que tive o privilégio de ser pastor, que entenderam a minha “humanidade”
e pudemos crescer justos, obrigado.
A
você que nesses dias tem sido bênçãos na minha vida, quando usando tecnologia
estamos no continente africano levando a mensagem do evangelho ao povo
moçambicano, obrigado.
Toda
a minha história foi construída com o marco de antes e depois de conhecer a Jesus
Cristo como Senhor e Salvador e a sua Igreja.
Que
possamos ser a Igreja que tenha a visão do Cristo, comprometida com a missão e vivendo a plena comunhão.
“Não há dúvida de que é grande o mistério
da piedade: Deus foi manifestado em corpo, justificado no Espírito, visto pelos
anjos, pregado entre as nações, crido no mundo, recebido na glória”. (1 Timóteo
3:16 NVI)
A Ele, o Senhor, seja toda
honra e toda glória!
Cláudio Eduardo –
Pastor desde de
fevereiro de 1995 pela misericórdia do Senhor
[1] IGREJA BATISTA DA CIDADE SATELITE – NATAL – RIO GRANDE DO
NORTE.
[2] PASTOR EXEQUIAS CERQUEIRA SANTOS - ME BATIZOU EM 19 DE
JULHO DE 1986 – FOI QUEM ME ORIENTOU E ENSINOU SOBRE OS PRIMEIROS PASSOS DA
VIDA CRISTÃ.
[3] TIVE O PRIVILÉGIO DE SER MEMBRO DAS SEGUINTES IGREJAS:
IGREJA BATISTA DA
CIDADE SATELITE – NATAL – RN
PRIMEIRA IGREJA BATISTA
EM SANTA MARGARIDA – RIO DE JANEIRO – RJ
IGREJA BATISTA DA
CONCORDIA – RECIFE – PE
IGREJA BATISTA COPALEME
– RIO DE JANEIRO – RJ
QUARTA IGREJA BATISTA
DO RIO DE JANEIRO – RIO DE JANEIRO – RJ
[4] TIVE O PRIVILÉGIO DE SER MEMBRO E O PASTOR DAS SEGUINTES IGREJAS:
PRIMEIRA IGREJA BATISTA
EM GLORIA DO GOITÁ – GLÓRIA DO GOITÁ – PE
IGREJA BATISTA BETÂNIA
EM GRAVATÁ – GRAVATÁ – PE
IGREJA BATISTA DA
CIDADE NOVA – MANAUS - AM
