ELE NÃO ESQUECE ...
“Tu,
Senhor, ouves a súplica dos necessitados; tu os reanimas e atendes ao seu
clamor”. (Salmos 10:17 NVI)
Passando de
meio século de existência, sendo carioca, tendo o privilégio de ter morado em
outras duas regiões desse grandioso Brasil, viajado por quase todo território
nacional, conhecendo e sendo conhecido de muitas pessoas, você não imagina
minha frustração quando diante de um encontro casual a pessoa me pergunta:
- Lembra
de mim?
Com
sinceridade e as vezes um pouco constrangido, respondo:
- Não
lembro, mas você poderá me ajudar a lembrar!
Muitas
vezes, a partir desse momento, a memória começa a ser clareada e num instante
estamos conversando sobre algo que fizemos juntos ou um lugar em que estive e
aquela pessoa também estava.
Você deve estar
pensando:
- Qual
será o problema que tem para não lembrar das pessoas?
Para te
adiantar, sempre procurei estar sendo protagonista na minha vida e isso faz com
que eu não consiga passar despercebido onde estou, e agora veio na minha
lembrança quando estudava a quarta série primária, e isso foi há quase
cinquenta anos, num trabalho de literatura a professora dividiu a turma em
grupos para apresentação em uma feira literária que havia no colégio;
escolhemos uma obra de Monteiro Lobato, fizemos uma
apresentação teatral, e durante muito tempo passei a ser chamado no colégio
pelo nome do personagem que representei.
Em outra
oportunidade, já na sétima série, estudando em outro colégio, num trabalho de
literatura, com a turma dividida em grupo, decidimos fazer um trabalho numa
obra de Ariano Suassuna, eu nem imaginava que estaria um dia morando no
nordeste brasileiro, e até sair daquele colégio passei a conhecido pelo nome do
personagem que representei.
Na vida
representamos papeis, e muitas vezes vários ao mesmo tempo. Somos filhos,
irmãos, sobrinhos, pais, cônjuge, amigo, chefe, subordinado, cliente, prestador
de serviço, entre tantos outros que você possa imaginar. O importante é que
independe do papel que você esteja exercendo a sua essência seja a mesma, ou
como alguém já disse:
- Não seja
alguém de duas caras!
Com o
advento da tecnologia estamos vivendo uma febre de redes sociais, isso é algo terrivelmente perigoso. A imagem pessoal
apresentada na rede é completamente diferente da vida real. Parece que as
pessoas apresentam um mundo perfeito, se acomodam nele, e não tem coragem para
lutarem por seus objetivos.
Queremos
ser amados, gostamos de ser reconhecidos, nos faz bem sermos elogiados; e
depois?
Precisamos
publicar em todas as redes para não sermos esquecidos, afinal de contas:
- Quem não
é visto, não é lembrado!
Como tem
sido triste a visão seletiva que temos a respeito das circunstâncias que nos
cercam. Vivemos num contexto corrupto, onde a violência está cada vez mais
natural. Fechamos nossos olhos para aqueles que estão sendo oprimidos, a dor do
outro não nos interessa mais. Se pudéssemos, se é que já não estamos fazendo, criaríamos
guetos para esconder o que enfeia a beleza da cidade.
Os grandes
centros urbanos empurra para periferia os menos favorecidos, como se fossem
lixos humanos. Vivemos procurando justificativas para corpos amontoados pelas
cidades. A dor do outro não é a minha dor, vida que segue.
Cadê os
religiosos?
Onde estão
aqueles que se aventuram a dizer que estão aqui para fazer a obra de Cristo?
O que
estamos fazendo como cristãos?
Poderia
continuar enumerando várias perguntas, algumas certamente muito incomodas, mas
prefiro, em amor, te fazer um convite, e para tanto; usarei as palavras do
próprio Cristo:
Digo-lhes a verdade: Aquele que crê em mim fará também as
obras que tenho realizado. Fará coisas ainda maiores do que estas, porque eu
estou indo para o Pai. (João 14:12 NVI)
O meu convite a você é fazermos o trabalho para o qual fomos
chamados, independente dos papeis que estamos exercendo.
Existe um livro de Charles M.
Sheldon que tem um título
interessante e extremamente convidativo a reflexão: Em seus passos o que faria Jesus?
Olhe a sua volta, veja as coisas que estão acontecendo, e
seja o instrumento nas mãos de Deus para proclamar a justiça do Senhor e
manifestar graça e misericórdia aqueles que são invisíveis, mas não esquecidos
pelo Deus eterno.
Na minha infância, na peça de Monteiro Lobato, do Sitio do Pica-Pau
amarelo, fui o Marques de Rabicó, houve uma pequena discursão na divisão dos
personagens, não vi nenhum problema em ser um Marques. O porco guloso e desengonçado
não era o meu personagem, mas alguém que com título de nobreza conseguia vencer
e driblar diariamente a Tia Anastácia que queria
joga-lo na panela.
Na adolescência me apaixonei pelo João Grilo, um personagem folclórico
da literatura portuguesa, no Alto da Compadecida, a partir de uma estória de
sofrimento consegue driblar as dificuldades da vida e sorrir das suas próprias
desventuras.
Na vida real, em minha essência, sou alguém imperfeito, que
luta diariamente por um mundo melhor!
Me sinto extremamente amado por Deus, pela minha família e
amigos!
Não se esqueça:
- Deus ouve as suas orações, e as suas necessidades são
plenamente conhecidas por Ele!
Finalizo, para sua reflexão:
Não se enganem: ninguém zomba de Deus. O que uma pessoa
plantar, é isso mesmo que colherá. Se plantar no terreno da sua natureza
humana, desse terreno colherá a morte. Porém, se plantar no terreno do Espírito
de Deus, desse terreno colherá a vida eterna. Não nos cansemos de fazer o bem. Pois,
se não desanimarmos, chegará o tempo certo em que faremos a colheita. Portanto, sempre que pudermos, devemos
fazer o bem a todos, especialmente aos que fazem parte da nossa família na fé. (Gálatas
6:7-10 NTLH)
Abraço,
Ore por mim!
Cláudio Eduardo - Pastor