O BOM É INIMIGO DO ÓTIMO, SERÁ? ...
O
povo o está reconstruindo com grandes pedras e colocando vigas de madeira nas
paredes. A obra está sendo executada com diligência e está tendo rápido
progresso. (Esdras 5:1,2 NVI)
Quero
começar esse texto deixando claro que existe uma grande diferença entre a excelência
e o perfeccionismo. Deus merece o nosso melhor, devemos trabalhar na nossa vida
para que não sejamos medíocres no nosso dia-a-dia e no que estamos oferecemos
ao nosso Senhor, aprendi que sempre terá algo que podemos melhorar. “... é gosto pervertido satisfazer-se com a
mediocridade quando o ótimo está ao nosso alcance” (Isaac D’Israeli –
1834)
Não venho de tradição de formação militar, em
1981 ingressei numa escola militar, fui em busca de emprego e estabilidade,
afinal de contas, e a princípio ao passar pelo portão da Escola de
Especialistas teria formação e trabalho para os próximos 30 anos. Os primeiros
dias foram terríveis, confesso que em alguns momentos tive vontade de desistir,
as aulas de ordem unidas era uma loucura para mim, lidar com armamento,
aprender técnicas de sobrevivência, tudo muito novo e assustador na cabeça de
um adolescente.
Não desisti, sobrevivi, constitui família, tive
filhas, agora estou aproveitando dos netos, e sou chamado de veterano. Em alguns
momentos, como agora, fico a me perguntar: Onde encontrei forças para vencer o
período de formação militar?
Eu não podia desistir, meus pais estavam
orgulhosos pela minha conquista, meus amigos estavam me olhando como um
vencedor, meus instrutores não cansavam de repetir que éramos os melhores entre
milhares de pessoas que gostariam de estar no nosso lugar. Eu não desisti
porque decidi sofre a dor da disciplina sonhando com a recompensa da conquista
dos meus sonhos. Aprendi a vencer os meus medos e não me acomodar na zona de
conforto.
Os primeiros dias foram de instrução militar
intensa, a satisfação de ir ao almoxarifado receber o fardamento, a necessidade
de pensar no conjunto, não podíamos estar em um passo diferente da tropa, precisávamos
mostrar garbo (elegância) ao marchar. Na minha vida foi um “divisor de aguas” o
dia de “juramento a bandeira”, quando depois do juramento marchando
individualmente a tropa, um a um, passa em frente ao pavilhão nacional. Aprendi
que devo me preocupar com o conjunto, mas o compromisso é individual.
Hoje estamos lendo o capítulo 5 do livro de
Esdras, parte do povo que estava cativo na Babilônia volta para reconstruir
Jerusalém, a promessa de Deus feita através do profeta Jeremias agora é uma realidade.
Deus usa Ciro, rei da Pérsia, para proferir um edito autorizando o retorno e a
reconstrução do Templo.
Além das dificuldades do deslocamento, haviam
oposições e inimigos que a todo custo tentavam impedir o retorno e a
reconstrução do Templo. Alguns preferiram permanecer, haviam constituído famílias
e negócios, consideravam estar bem e não queriam sair da sua zona de conforto,
a Babilônia. Havia um preço a pagar, as coisas não seriam fáceis, pelo
contrário as expectativas eram de trabalho, muito trabalho. Precisavam de
disciplina, coragem e uma sincera disposição a aprender viver as circunstancias
da mudança.
Os inimigos do povo de Deus queriam
sorrateiramente impedir a reconstrução do Templo pelos que voltaram da
Babilônia (Esdras 4), investiram de várias maneiras, inclusive tentando trazer
desanimo no meio do povo. A grande dificuldade está em como estamos lidando com
as nossas crenças e os nossos pensamentos.
Quem sou eu em meio a coletividade e na minha
individualidade? A quem estou servindo? Quem é o meu Deus? Até que ponto estou disposto
a mudar para servir a Deus com excelência? Estou satisfeito com minha situação
atual? Não tenho nada que possa melhorar? Estou na busca da excelência ou
acomodado com a mediocridade?
Essas perguntas são um convite a reflexão.
Desistir é muito mais fácil do que enfrentar os
meus medos, as dificuldades, as frustrações, os julgamentos e a necessidade de abandonar
a minha zona de conforto. Teve ocasiões que desisti de seguir em frente, isso
para mim foi extremamente doloroso, serviu como aprendizado, me ajudou a
compreender que sou humano e limitado.
O povo de Deus não desistiu de reconstruir o
Templo do Senhor, continuo com zelo e excelência, e segundo o relato com
rapidez. “A obra está sendo
executada com diligência e está tendo rápido progresso. “ (Esdras 5:1,2 NVI). Fico
emocionado em ver a preocupação com qualidade do material empregado, os artífices,
profissionais escolhidos dentre as suas habilidades para que não houvesse
nenhuma falha, que tudo tivesse esmero e excelência.
Os profetas Ageu e Zacarias profetizam nessa
época, mostram que a obra é de Deus e ninguém pode impedir e deve ser feita com
excelência. “"Tanto a prata quanto o ouro me pertencem",
declara o Senhor dos Exércitos. "A glória deste novo templo será
maior do que a do antigo", diz o Senhor dos Exércitos. "E neste lugar
estabelecerei a paz", declara o Senhor dos Exércitos.” (Ageu 2:8,9 NVI)
Tudo que
fazemos ou deixamos de fazer é para Deus, pertencemos a Ele: “Se
vivemos, vivemos para o Senhor; e, se morremos, morremos para o Senhor. Assim,
quer vivamos, quer morramos, pertencemos ao Senhor.” (Romanos
14:8 NVI)
Deus chama
alguns para missões especiais da mesma maneira que ocorreu no passado, esses
não melhores ou piores que os demais, possuem habilidades diferentes, muitas
vezes tentam se esquivar, mas a convocação do Senhor é irresistível, desistem
de seus sonhos pessoais para viverem os sonhos de Deus para suas vidas. A Bíblia
tem um adjetivo que expressa de maneira maravilhosa o trabalho que irão fazer,
que é excelente. (1 Timóteo 3:1)
Estamos
vivendo tempos difíceis, o relativismo e a secularização estão invadindo os
arraiais do povo de Deus, a prioridade do Senhor e a excelência em servir que deveriam
continuar sendo características daqueles que se dizem igreja, muitas vezes vem
sendo substituída por uma relação comercial de prestação de serviço. Para
alcançarmos ofertas vultosas na realização de projetos se contrata um
especialista em marketing, ao invés de convidarmos o povo a uma ação de arrependimento
voltando-se para o Senhor e assumindo a sublime missão de transformar o mundo
com tudo que temos.
Precisamos
aprender e reaprender muitas coisas, a vida é um eterno aprendizado, hoje
reaprendi que não existe desculpas quando não dedicamos ao Senhor o nosso
melhor. Um povo humilhado, desmoralizado, cativo, que viram as suas terras
sendo invadidas, que foram roubados, violentados e se tornaram exilados.
Mantiveram viva a esperança no Senhor, e agora a provisão vem do Senhor, não
faltou recursos mesmo em meio as oposições, não faltou animo mesmo em meio a um
contexto de desanimo. Eles começaram restaurando o altar de sacrifício a construção
do templo vem na sequência, cada pedra lançada é um marco e a recompensa é o privilégio
de participar de um projeto de Deus.
Restauremos
diariamente o altar de sacrifícios ao Senhor, lembrando que Ele espera o nosso
melhor!
Não podemos nos esquecer que em culto a celebração é do “conjunto”, mas o compromisso é sempre individual. Na vida militar o “juramento a bandeira” foi um marco em minha vida, quando assumi a Cristo como Senhor e Salvador da minha vida essa experiência não só marcou, transformou minha vida.
Por meio de Jesus, portanto, ofereçamos continuamente a Deus um sacrifício de louvor, que é fruto de lábios que confessam o seu nome. Não se esqueçam de fazer o bem e de repartir com os outros o que vocês têm, pois de tais sacrifícios Deus se agrada. (Hebreus 13:15,16 NVI)
Abraço,
Conto com
suas orações,
Cláudio
Eduardo - Pastor
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