NÃO PODEMOS DESISTIR!
WE CANNOT GIVE UP!
“Por
isso é preciso que prestemos maior atenção ao que temos ouvido, para que jamais
nos desviemos. Porque se a mensagem transmitida por anjos provou a sua
firmeza, e toda transgressão e desobediência recebeu a devida punição, como
escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação? Esta salvação,
primeiramente anunciada pelo Senhor, foi-nos confirmada pelos que a ouviram”.
(Hebreus 2:1-3 NVI)
No
próximo dia 31 de outubro de 2024 comemoraremos os 507 anos da Reforma
Protestante, na cidade de Wittemberg, na Alemanha, um homem
incomodado com os desmandos da igreja como instituição e a comercialização da
fé, seguindo a tradição da época, afixou 95 teses na porta da Igreja
daquela cidade. Martinho Lutero, foi o porta voz de todos aqueles
que buscavam na Palavra de Deus o caminho que a Igreja havia se desviado.
Poderíamos afirmar que a intenção de Lutero não era uma cisão da Igreja, mas
sim uma mudança resgatando os valores da Bíblia, Palavra de Deus.
Ressaltamos
milhares de pessoas anônimas que lutaram pela preservação e fidelidade da
Palavra de Deus. Como é triste olharmos nos nossos dias pessoas que
se dizem cristãos não conhecerem e consequentemente não valorizarem os que os
antecederam. João Calvino (1509 – 1564), Philipp Melanchthon
(1497 – 1560), Ulrico Zuínglio (1484 – 1531), Thomas Müntzer (1489 – 1525),
Martin Bucer (1491 – 1551), Johannes Brenz (1499 – 1570), Jan Hus (1369 – 1415)
e Johannes Bugenhagen (1485 – 1558); são alguns dos nomes de homens
que se juntaram para fazer com que a igreja voltasse para os princípios do
Evangelho. Precisamos ter respeito pela história!
Haviam
pontos de discordância doutrinária entre eles, mas eram unanimes em que somente
Cristo é a porta de acesso ao Pai, Ele é o único mediador entre Deus e os
homens. “Pois há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens: o
homem Cristo Jesus,...” (1 Timóteo 2:5 NVI)
O
movimento histórico que teve como marco 31 de outubro de 1517, não foi apenas
um movimento religioso ou cristão, na realidade a Europa foi sacudida por
mudanças nas relações comerciais, na valorização da pessoa humana, com o fim do
absolutismo e no advento da democracia, as lutas de classes, a migração de uma
sociedade feudal para uma sociedade urbana.
Erros
houveram, e não foram poucos; errar é demonstração clara que somos humanos e
falíveis; mas não podemos deixar de lembrar de homens e mulheres que mesmo com
a expectativa de perseguição e até do martírio, permaneceram firmes na
convicção de que serviam ao Deus imutável, e que a sua Palavra é viva e eficaz,
independentemente de qualquer circunstância. É a Palavra que transforma homens
e mulheres. Como é triste olharmos para traz e vermos que desde o tempo de
Jesus, dos patriarcas e dos profetas homens se levantando para desvirtuar a
Palavra do Deus Eterno.
Sola
Scriptura,
Solus
Christus,
Sola
Gratia,
Sola
Fide, e
Soli
Deo Gloria;
Somente
a Escritura, Somente Cristo, Só a Graça, Só a Fé e Somente a Deus a
Glória são os pilares do movimento reformador, muitas
vezes estamos tão distantes dessas verdades.
No
Evangelho de Marcos capítulo 15, observamos o julgamento, humilhação,
crucificação e morte de Jesus, o Cristo. Quando leio essa passagem nos
evangelhos, me pergunto:
-
Me comportaria como os líderes religiosos daquela época?
-
Meu comportamento seria como o povo que gritou Barrabás?
-
Estaria disponível como Simão para carregar uma cruz que não era minha?
-
Seria eu como o centurião que diante daquela macabra cena reconhece que Jesus é
o filho de Deus?
Na
minha imaginação, como se estivessem ouvindo nitidamente uma multidão gritando:
- "Crucifica-o" (Marcos
15:13 NVI)
No
mesmo instante me sobressai várias perguntas:
- Cadê
os discípulos de Jesus? Onde estão eles?
-
Cadê a multidão que depois de uma excelente aula foi milagrosamente alimentada?
-
Bartimeu, que gritava filho de Davi tenha misericórdia de mim, onde ele está? Não ouço a sua voz!
-
E os leprosos que foram limpos? A pessoas que foram libertas e curadas?
-
Cadê a multidão que alguns dias antes proclamavam Hosanas ao que vem em nome do
Senhor?
Diante
de tudo isso, usando uma frase atribuída a Marthin Luther King,
chamo a atenção ao nosso posicionamento diante das heresias e injustiças que
nos cercam:
“O
que me preocupa não é nem o grito dos corruptos, dos violentos, dos desonestos,
dos sem caráter, dos sem ética... O que me preocupa é o silêncio dos bons. ”
Julgar
os personagens históricos é fácil, mas olhemos para as dificuldades que
enfrentamos como povo de Deus, igreja de Cristo, em pleno século XXI:
Os
reformadores combatiam a venda de bênçãos (indulgências), como é triste
observarmos pessoas explorando e comercializando a fé e a ignorância do povo,
distorcendo a verdade do evangelho vendendo bênçãos (prosperidade);
Os
reformadores lutaram para que homens e mulheres tivessem acesso a Palavra de
Deus (Somente as Escrituras) no seu próprio idioma, para muitos a Palavra de
Deus está sendo colocada como algo secundário, temos a Bíblia disponível,
facilidade de acesso a Palavra, mas estamos ocupados com tantas coisas que não
temos tempo para estudar, meditar e viver a Palavra;
Os
reformadores lutaram para que Cristo fosse o centro da vida Cristã, a único e
completa razão do nosso acesso a Deus e da nossa Salvação, (somente Cristo)
fico imaginando o que Jesus Cristo diria daqueles que estão criando “atalhos” ou “fardos” para
a salvação;
Os
reformadores afirmaram o sacerdócio universal de cada cristão, não existe mais
distinção no meio do povo de Deus entre os cleros e leigos, entre os sacerdotes
e o povo; “E o véu do santuário rasgou-se em duas partes, de alto a
baixo.” (Marcos 15:38 NVI) Como me preocupa líderes se colocando
como sacerdotes poderosos e criando cortinas para atrapalhar o acesso do povo a
presença de Deus.
Olhando
para o Cristo na cruz observo uma multidão sem compromisso, massa de manobra de
líderes inescrupulosos, que não sejamos massa de manobra, pelo contrário,
sejamos estimulados a pensar, estudar e viver os princípios dos evangelhos.
Observo,
ainda, um líder político sem compromisso com a justiça e a verdade, como o povo
tem sofrido com pessoas dessa estirpe da condução do destino das nações.
Pilatos é a personificação da liderança corrupta que pensa somente em si, sem
comprometimento com a verdade, o importante é estar com boa imagem diante de
Roma e não cumprindo com sua responsabilidade. "Que farei então
com Jesus, chamado Cristo?” (Mateus 27:22 NVI)
Alguns
consideram que precisamos de uma nova reforma, e quando penso em reforma vem à
mente consertar o que está quebrado, deteriorado, desatualizado ou feio.
Na
realidade o que precisamos é de um retorno a Palavra de Deus sem firulas ou
relativismo. Precisamos enfatizar a chamada de todos os cristãos a sermos
discípulos do Cristo ressurreto, olharmos para cruz, devemos ser comprometidos
como as mulheres que acompanharam Jesus em todas as circunstancias até o final.
Na
crucificação, além das dores físicas daquela tortura cruel, havia ainda os
deboches, as humilhações e o peso dos nossos pecados.
Quem
estava ali?
-
A mãe de Jesus com algumas amigas, aprendemos que amizade é para todos os
momentos, nas festas e no luto, nas alegrias e na tristeza.
-
Um discípulo de Jesus, que corajosamente está ali acompanhando o Mestre e dando
suporte a Maria (mãe de Jesus). João recebe a tarefa de cuidar dela, trata-la
como mãe, respeitá-la.
-
Os criminosos que estavam ali cumprindo a sentença a eles imposta, um que se
arrepende e recebe a promessa da eternidade junto com Jesus e o outro que
arrogantemente debocha e insulta o Mestre.
-
Transeuntes e desocupados que vibram em ver a desgraça alheia.
-
A guarda romana, responsável em tomar conta daquele lugar garantindo o
cumprimento da sentença. Como é tremendo a declaração do comandante daqueles
soldados:
“Quando
o centurião que estava em frente de Jesus ouviu o seu brado e viu como ele
morreu, disse: "Realmente este homem era o Filho de Deus! " (Marcos
15:39 NVI)
- O
que falarmos do corajoso José de Arimatéia?
Os
crucificados ficavam com seus corpos expostos aos abutres e os animais
carniceiros, mesmo depois de morto a família não tinha direito a vivenciar o
luto. José de Arimatéia não considera isso justo, era um homem bom e corajoso,
o Mestre merecia dignidade, sua mãe e seus amigos poderiam cuidar do
corpo. “José de Arimatéia, membro de destaque do Sinédrio, que
também esperava o Reino de Deus, dirigiu-se corajosamente a Pilatos e pediu o
corpo de Jesus.” (Marcos 15:43 NVI) José de Arimatéia
assume publicamente a sua simpatia por Jesus, o Evangelho de Mateus o trata
como discípulo de Jesus (Mateus 27:57). Chegou a hora da verdade, não dá para
ser somente simpatizante, é preciso mostrar comprometimento, foi isso que José
de Arimatéia fez.
No
primeiro domingo do mês de comemoração da Reforma, concluo
com uma pergunta para nossa reflexão:
- Que
tipo de Igreja estamos sendo?
Lembrando
que igreja não é instituição, mas sim um organismo vivo, o corpo de Cristo aqui
na terra constituído por pessoas como eu e você.
A Ele,
o Deus Eterno, toda honra e toda glória!
Cláudio
Eduardo - pastor
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