quinta-feira, 10 de outubro de 2024

LEMBRANÇAS DE CRIANÇAS! (parte 2) CHILDHOOD MEMORIES!

 


LEMBRANÇAS DE CRIANÇAS! (parte 2)

CHILDHOOD MEMORIES!

 




Então disse Jesus: 
"Deixem vir a mim as crianças e não as impeçam; pois o Reino dos céus pertence aos que são semelhantes a elas"

(Mateus 19.14 NVI)

 

Somos marcados por nossas lembranças, e precisamos ter o máximo de cuidado sobre que tipo de lembranças estamos construindo nas crianças a nossa volta!

 

O ambiente familiar e extremamente marcante, inclusive as experiências intrauterinas, normalmente estamos cercados de afetos e cuidados, a chegada de uma criança é cheia expectativas, uma festa onde a criança vem ao mundo sendo muito amada. Essa seria a condição ideal, mas infelizmente nem sempre é assim!

 

Conhecemos histórias de crianças rejeitadas, de famílias toxicas, de faltando o mínimo de dignidade, vivendo em situação de desnutrição, exploração e violência. Crianças que não possuem sonhos, que não sabem e nem tem expectativas sobre o amanhã. Crianças que estão vivendo em situação de rua, outras sofrendo os horrores da violência urbana. O que se dizer das crianças que estão em zona de guerra, onde suas mortes são esquecidas tão rápido.

 

Olhando para algumas das necessidades básicas, saúde, educação e segurança; como podem no futuro algumas crianças competirem num mundo cruel, onde alguns tem acesso a educação de qualidade e outros não, onde para alguns há uma atenção extraordinária a saúde e outros estão morrendo ou ficando com sequelas sem o atendimento necessário. Segurança, estamos todos inseguros, a violência urbana é cruel, mas alguns estão protegidos em condomínios, possuem casas aconchegantes, enquanto outros ficam parte do ano sem irem a escola de a operações policiais e existem aqueles que dentro de suas residências foram atingidos por projeteis cruéis que depois de lançados saem em busca das suas vítimas.

 

Ao invés de assumirmos a nossa parcela de responsabilidade, vivemos procurando culpados. O Estado, a sociedade, o contexto político, as ideologias, e para aqueles que querem espiritualizar tudo é o inimigo.

 

Então, fica a pergunta:

- Onde está a IGREJA?

 

Não estou falando de organização religiosa, pergunto sobre o corpo de Cristo, aqueles que um dia tiveram suas vidas transformadas pela preciosa mensagem do evangelho de Jesus Cristo.

 

Quando criança morava numa região pobre da cidade, minha vida era boa, tinha tudo que era necessário para uma criança daquela época. Era início da década de 70, tinha sete anos, o mundo estava passando por uma grande revolução cultural e política, a busca pela chamada liberdade era intensa, todos queriam se sentir livre. Meu contato com a Bíblia era diário, estava numa busca incessante por liberdade.

 

Sempre dava atenção as “coisas de Deus”, alguns adultos até diziam que eu dia seria pastor. Era uma época de evangelização na rua, e dominicalmente tinha um “ar livre”[1] próximo a minha casa, não sei qual era a igreja, mas uma coisa ficou marcada na minha vida, as mensagens agressivas sobre a ida dos ímpios para o inferno e a forma com encerravam a atividade. Depois da mensagem o dirigente de maneira autoritária afirmava que as mãos deles estavam limpas do nosso sangue e que o problema era nosso, e cantavam um hino que começava em seu primeiro verso assim:

A nova do evangelho

Já se fez ouvir aqui

Boas-novas tão alegres

Elas são pra quem ouvir

Assim Deus nos amou

Sim, a cada pecador

Quem nos deu seu Filho amado

Pra sofrer a nossa dor

 

Depois que me converti comecei a intender melhor a letra da música, mas a lembrança e o sentimento eram de revolta.

- Como podem dizer que estão ali cumprindo uma obrigação e não fazerem nenhuma ação concreta de manifestação de amor?

- Qual as alternativas estavam dando as crianças?

- Quando uma família perdia seus filhos para a violência onde estava a Igreja?

 

Tive muita dificuldade em me render a Cristo, passei a ser um critico ferrenho do evangelho hipócrita, sem atitudes, de um amor teórico sem nenhuma manifestação prática. Fui alcançado e transformado por Jesus Cristo, mas até hoje quando volto no tempo, me pergunto:

- Se fosse Jesus numa favela carioca cercada por pobreza e violência como ele apresentaria a sua mensagem?

 

Hoje sou pastor, vejo o mundo com a experiencia da idade, e continuo incomodado com igrejas cheias aos domingos falando de amor e no restante da semana sendo indiferentes a necessidade do próximo.

 

Jesus, o Cristo, pregava com autoridade, falava a multidões e acolhia individualmente os marginalizados, ele cuidava de pessoas. Jesus entrava na casa de pessoas socialmente mal vistas, protegia prostituta, quebrava protocolos para acolher os necessitados. O palco de Cristo foi a cruz e seus seguidores foram chamados a serem protagonistas no cumprimento da missão.

 

Santa paz e perdão

São as novas lá nos céus

Santa paz e perdão

É bendito o nosso Deus

 

Vários episódios religiosos vêm a minha lembrança, no entanto, esse me marcou pela hipocrisia e a falta de empatia, como cantar santa paz num lugar que os tiroteios eram constante. Hoje entendo, sei o que significa essa paz, mas no meu entendimento de criança era algo inacessível.

 

Abraço,

 

Cláudio Eduardo – pastor

 

 

No dia 12 de outubro, dia das crianças no Brasil, lembre que o melhor presente para muitas crianças é um abraço, é ser ouvida, é ser tratada com amor e dignidade!



[1] Culto feito na rua!

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