“HONRANDO O PASSADO,
VIVENDO O PRESENTE,
AVIVAMENTO JÁ”
31 de outubro de 2025
508 anos da Reforma Protestante
Quando
o centurião que estava em frente de Jesus ouviu o seu brado e viu como ele
morreu, disse: "Realmente este homem era o Filho de Deus! " (Marcos
15:39 NVI)
Há
508 anos, na cidade de Wittemberg, na Alemanha, um homem incomodado
com os desmandos da igreja como instituição, seguindo a tradição da
época, afixou 95 teses na porta da Igreja daquela cidade. Martinho
Lutero, foi o porta voz de todos aqueles que buscavam na Palavra de Deus o
caminho que a Igreja havia se desviado.
Não
podemos nos esquecer de milhares de pessoas anônimas que lutaram pela
preservação e fidelidade da Palavra de Deus. Como é triste olharmos
nos nossos dias pessoas que não valorizam os que o antecederam. João
Calvino (1509 – 1564), Philipp Melanchthon (1497 – 1560), Ulrico Zuínglio (1484
– 1531), Thomas Müntzer (1489 – 1525), Martin Bucer (1491 – 1551), Johannes
Brenz (1499 – 1570), Jan Hus (1369 – 1415) e Johannes Bugenhagen (1485 –
1558); são alguns dos nomes de homens que se juntaram para fazer com
que a igreja voltasse para os princípios do Evangelho.
Haviam
pontos de discordância doutrinária, mas eram unanimes em que somente Cristo é a
porta de nosso acesso ao Pai, Ele é o único mediador entre Deus e os homens. “Pois
há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens: o homem Cristo Jesus,...”
(1 Timóteo 2:5 NVI)
O
movimento histórico que teve como marco 31 de outubro de 1517, não foi apenas
um movimento religioso ou cristão, na realidade a Europa foi sacudida por
mudanças nas relações comerciais, na valorização da pessoa humana, com o fim do
absolutismo e no advento da democracia, as lutas de classes, a migração de uma
sociedade feudal para uma sociedade urbana.
Erros
houveram, e não foram poucos; errar é demonstração clara que somos humanos e
falíveis; mas não podemos deixar de lembrar de homens e mulheres que mesmo com
a expectativa de perseguição e até do martírio, permaneceram firmes na
convicção de que serviam ao Deus imutável, e que a sua Palavra é viva e eficaz
independentemente de qualquer circunstância. É a Palavra que transforma homens
e mulheres, mas como é triste olharmos para traz e vermos que desde o tempo de
Jesus, dos patriarcas e dos profetas homens se levantando para desvirtuar a
Palavra do Deus eterno.
Sola
Scriptura,
Solus
Christus,
Sola
Gratia,
Sola
Fide, e
Soli
Deo Gloria;
Somente
a Escritura, Somente Cristo, Só a Graça, Só a Fé e Somente a Deus a
Glória são os pilares do movimento reformador, infelizmente
no decorrer da história, muitas vezes estamos tão distantes dessas verdades.
No
Evangelho de Marcos capítulo 15, observamos o julgamento, humilhação,
crucificação e morte de Jesus, o Cristo. Quando leio essa passagem nos
evangelhos, me pergunto:
-
Me comportaria como os líderes religiosos daquela época?
-
Meu comportamento seria como o povo que gritou Barrabás?
-
Estaria disponível como Simão para carregar uma cruz que não era minha?
-
Seria eu como o centurião que diante daquela macabra cena reconhece que Jesus é
o filho de Deus?
Ainda
vem a minha mente, como se audivelmente, a multidão gritando:
- "Crucifica-o" (Marcos
15:13 NVI)
No
mesmo instante me sobressai várias perguntas:
- Cadê
os discípulos de Jesus? Onde estão eles?
-
Cadê a multidão que depois de uma excelente aula foi alimentada?
-
Bartimeu, que gritava filho de Davi tenha misericórdia de mim, não ouço a sua
voz?
-
E os leprosos que foram limpos? A pessoas que foram libertas e curadas?
-
Cadê a multidão que alguns dias antes proclamavam Hosanas ao que vem em nome do
Senhor?
Diante
de tudo isso, usando uma frase atribuída a Marthin Luther King,
chamo a atenção ao nosso posicionamento diante das heresias e injustiças que
nos cercam:
“O
que me preocupa não é nem o grito dos corruptos, dos violentos, dos desonestos,
dos sem caráter, dos sem ética... O que me preocupa é o silêncio dos bons.”
Julgar
os personagens históricos é fácil, mas olhemos para as dificuldades que
enfrentamos como povo de Deus, igreja de Cristo, em pleno século XXI:
Os
reformadores combatiam a venda de bênçãos (indulgências), como é triste
observarmos pessoas explorando a fé e a ignorância do povo distorcendo a
verdade do evangelho vendendo bênçãos (prosperidade);
Os
reformadores lutaram para que homens e mulheres tivessem acesso a Palavra de
Deus (Somente as Escrituras) no seu próprio idioma, para muitos a Palavra de
Deus está sendo colocada como algo secundário, temos a Bíblia disponível,
facilidade de acesso a Palavra, mas estamos ocupados com tantas coisas que não
temos tempo para estudar, meditar e viver a Palavra;
Os
reformadores lutaram para que Cristo fosse o centro da vida Cristã, a único e
completa razão do nosso acesso a Deus e da nossa Salvação, (somente Cristo)
fico imaginando o que Jesus Cristo diria daqueles que estão criando “atalhos”
ou “fardos” para a salvação;
Os
reformadores afirmaram o sacerdócio universal de cada cristão, não existe
distinção no meio do povo de Deus entre os cleros e os leigos, entre os
sacerdotes e o povo; “E o véu do santuário rasgou-se em duas partes, de
alto a baixo.” (Marcos 15:38 NVI) Como me preocupa líderes se
colocando como sacerdotes poderosos e criando cortinas para atrapalhar o acesso
do povo a presença de Deus.
Olhando
para o Cristo na cruz observo uma multidão sem compromisso, massa de manobra de
líderes inescrupulosos, que não sejamos como eles, pelo contrário, sejamos
estimulados a pensar, estudar e viver os princípios dos evangelhos.
Observo,
ainda, o julgamento de Jesus, um líder político sem compromisso com a justiça e
a verdade, como o povo tem sofrido com pessoas dessa estirpe na condução do
destino das nações. Pilatos é a personificação da liderança corrupta que pensa
somente em si, sem comprometimento com a verdade, o importante é estar com boa
imagem diante de Roma.
Alguns
consideram que precisamos de uma nova reforma, e quando penso em reforma vem à
mente consertar o que está quebrado, deteriorado, desatualizado ou feio.
Na
realidade precisamos é de um retorno a Palavra de Deus sem firulas ou
relativismo. Precisamos enfatizar a chamada de todos os cristãos a sermos
discípulos do Cristo ressurreto. Olharmos para cruz, devemos ser comprometidos
como as mulheres que acompanharam Jesus em todas as circunstancias até o final.
-
O que fala do corajoso José de Arimatéia?
Jesus
em sua morte é tratado por ele com dignidade. José de Arimatéia,
membro de destaque do Sinédrio, que também esperava o Reino de Deus, dirigiu-se
corajosamente a Pilatos e pediu o corpo de Jesus. (Marcos 15:43
NVI)
José
de Arimatéia com coragem assume publicamente a sua simpatia por Jesus, o
Evangelho de Mateus o trata como discípulo de Jesus (Mateus 27:57). Chegou a
hora da verdade, não dá para ser somente simpatizante, é preciso mostrar
comprometimento, foi isso que José de Arimatéia fez.
No
dia de comemoração da Reforma, concluo com uma pergunta
para nossa reflexão:
-
Que tipo de Igreja estamos sendo?
Lembrando
que igreja não é instituição, mas sim o corpo de Cristo aqui na terra,
constituído por pessoas como eu e você.
Abraço,
Conto
com suas orações,
Cláudio
Eduardo – Pastor
Observação:
Não
tive preocupação em discorrer sobre o fato histórico em si, mas escrever sobre
minhas percepções pessoais a respeito do questionamento feito por Pilatos à
multidão e que tipo de resposta estamos dando:
-
"Que farei então com Jesus, chamado Cristo? ”
(Mateus 27:22 NVI)
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